Posto hoje a minha homenagem à Deia, que há quase dois meses nos deixou... desculpe as singelas palavras, minha irmã querida, TE AMO muito and I will always do!
O que te dizer, minha irmã querida, que tão cedo se foi?
Não sou poeta, mas poderia aqui dizer que é menos azul o céu
que vejo todos os dias... que o canto do sabiá tem um quê de melancolia (a
Majestade, o Sabiá, lembra?)... que a brisa da manhã perdeu um pouco a sua
doçura (e aquele aroma gostoso de café passado na hora...) ou até mesmo que o
ritmo da vida, pra mim, agora vai num compasso diferente...
A saudade no peito ainda dói. Vai continuar a doer por muito
tempo, eu sei... Porém, estou certa de que não queres me ver triste... Queres,
sim, que eu guarde na memória tudo o que vivemos nesses trinta e nove anos em
que estiveste aqui. Que eu lembre com carinho da nossa infância no número 227
da Rua São José - na casa de cor indefinida, aberturas azuis e portão de zinco,
local que abrigou tantos dos nossos sonhos e que fez de nós muito do que nos
tornamos... Éramos as “pequenas da Dona Lacy” -
as roupas iguais e o mesmo corte de cabelo faziam com que as pessoas
pensassem que éramos gêmeas. Tantas coisas me vêm à memória agora: nossos
passeios à noite no Opala e nosso encantamento com a lua; nosso primeiro dia de
aula e a minha vontade de ficar ali brincando contigo na pracinha do Jardim da
Infância; assistir ao Sítio do Pica-pau Amarelo na chegada do colégio e o sonho
de ter uma boneca como a Emília; cantar as canções que aprendíamos para a mãe
ouvir... as brincadeiras no pátio naquelas longas tardes de verão... São tantas
lembranças e tão doces elas são...
Como não trazer à memória também as inúmeras amizades que
fizeste, já nos primeiros anos escolares? Angariar amigos por onde passavas era
um de teus dons, Deia, e teu jeito afetuoso e meigo sempre teve um profundo
encantamento... Quantas amizades verdadeiras e sinceras ao teu lado sempre? E
quantos corações apaixonados tu deixaste?! Estou certa de que darias muita
risada agora!
Nossa florzinha... sensível como uma flor, delicada como uma
flor, bela como uma flor... Adoravas quando te chamávamos de Flor... certamente
agora em um jardim mais belo continuas a encantar.
Granjeaste todos os talentos que Deus te deu, Deia, e certamente
os multiplicaste. Um ser humano cheio de virtudes e repleto dos mais puros
sentimentos não poderia mesmo ficar por muito tempo aqui na Terra, sofrendo
todas as vicissitudes que nós, que aqui ficamos, ainda continuamos a
enfrentar... Sei que estás bem e que agora utilizarás os teus inúmeros dons
nesse plano superior em que te encontras... imagino-te tocando violino num jardim
verdejante e florido, a brisa movimentando teus cabelos negros e as tuas vestes
claras...
Ainda é difícil saber que não posso pegar o telefone e te
ligar, ouvir tua voz, saber como estás, como passaste o dia... Às vezes me
dizias,” não precisas ligar todos os dias, está tudo bem”... Quanta resignação,
quanto otimismo, quanta fé! Que exemplo de
força na adversidade tu nos deixas!
Agradeço tudo o que sempre foste pra mim. Agradeço a Deus
por ter tido a oportunidade de t dizer isso antes da tua partida. E também de
falar do meu amor por ti. Agradeço a oportunidade de te ajudar, te cuidar na
enfermidade, te consolar, ouvir confidências... e agradeço imensamente a Deus por
aquele nosso último abraço, o qual eu jamais esquecerei.
Como vou sempre lembrar de ti? Como aquela guria linda, cara
e jeito de menina usando tênis All Star, apaixonada por livros, filmes e por boa música; alguém que
tinha na ponta do lápis (e no teclado do computador, é verdade) um fiel
confidente e amigo; alguém que buscava conhecer a si mesma e que, nessa busca,
acabava por conhecer muito o seu próximo; alguém que adorava contemplar,
observar, refletir, sentir, se emocionar... alguém que passou por aqui e que deixou
muitas, mas muitas saudades...
Te amo, minha florzinha!
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